PT/EN
Quando fui convidada para expor aqui neste laboratório de luz decidi estender a minha prática para além da reciclagem de objectos quotidianos e examinar padrões naturais. Esta pesquisa partiu dos sólidos platónicos e das proporções áureas, do número de ouro e da sequência de Fibonacci, onde o número está envolvido com a natureza do crescimento biológico e astronómico, nos trajectos das mais pequenas partículas conhecidas. Tal como a colisão de átomos dispara em várias direcções, o caminho desta exposição extrapolou para territórios desconhecidos e imperceptíveis. A ideia de representar padrões permaneceu, mas os contextos mitológicos e matemáticos revelam que este interesse não é simplesmente passageiro ou uma maneira de reviver uma ligação com o mundo natural. Nós somos o mundo natural e como tal somos um todo. Existem números e padrões comuns, transversais a várias espécies. E é inegável a profunda realidade da nossa unidade com estes ritmos e padrões. Somos feitos da mesma matéria, a primordial. E da mesma forma: de hexágonos e espirais. De tão embrenhados que estamos nas teias tecnológicas, afastamo-nos do animalesco sem o entender. A haste do veado e a colmeia tomaram posse da minha imaginação como de tantos outros pensadores de culturas antigas. Encontro nestas simbologias históricas não só um vestígio da nossa relação com a terra e seus elementos, mas também um farol de um tempo esquecido. Uma redescoberta das interligações e um respeito renovado pelos padrões inevitáveis do Ser. Estes dois elementos tocam-se na matemática, nas ramificações, nas construções e no sagrado. As hastes do veado remetem para a árvore da vida (Charles Darwin) e são símbolos de vitalidade, de fertilidade e de ligação com as energias do cosmo. A colmeia, por sua vez, convoca a flor da vida (considerada o padrão mais importante e sagrado no universo). As figuras apresentadas são baseadas em estrutura, número e símbolos de harmonia e de pureza. Elas “revelam o segredo dos mitos da criação do universo” e uma constante de crescimento, presente na natureza, que se repete inúmeras vezes com uma precisão arbitrária. Considerado o número de ouro, conhecido como uma proporção divina (Phi ϕ).
Megarim | Laboratório de Luz | Lisboa
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EN
When I was invited to exhibit here in this ‘Light Laboratory’, I decided to extend my practice beyond the recycling of everyday objects and examine natural patterns. This research departed from the platonic solids and the golden section, the golden number and Fibonacci’s sequence, wherein the number is enveloped in the nature of biological and astronomical growth, and in the trajectories of the smallest known particles.Just as the collision of atoms fires off in various directions, the path of this exhibition extrapolated to territories, unknown and imperceptible.The idea of representing patterns permanesced, but the mythological and mathematical contexts revealed this interest to be not merely a ride-along or a manner of reviving a connection to the natural world.We are a natural world, and as such we are all one. There exist common numbers and patterns, traversing various species. And it is undeniable the profound reality of our unity with these patterns and rhythms. We are made from the same material, the primordial. And in the same form: of hexagons and spirals. And so entwined we are in the webs of technology, we back away from the animalesque without ever understanding it. The antler of the deer and the hive of the bee took hold of my imagination as they have of so many other thinkers through the ages. In these historic symbols I find not only a vestige of our relation with earth and her elements, but also a lighthouse from a forgotten time. A rediscovery of the interconnections and a renewed respect for the inevitable patterns of being. These two elements touch one another in mathematics, in branching, in their constructions and in the sacred. The antlers refer back to Darwin’s tree of life, and are symbols of fertility, vitality and of a connection to the energies of the Cosmos. The hive, in turn, convokes the flower of life which is considered as one of the most important and sacred in our universe. The figures presented are based on structures, numbers and symbols of harmony and purity. They “reveal the secret of the creation myths of the Universe” and are a constant of growth, present in nature, which repeat inumerable times with an arbitrary precision. Known as the golden number, considered as a divine proportion (Phi ϕ).
Megarim | Laboratório de Luz | Lisboa